sábado, 7 de dezembro de 2013

BLUE JASMINE


Blue Jasmine, o novo filme do diretor Woody Allen,


Blue Jasmine é sem dúvidas um dos trabalhos inspirados do diretor, desses que conseguem destaque entre produções menores como Para Roma, Com Amor, O Sonho de Cassandra e Melinda & Melinda.



Mesmo fazendo uso de muitas cenas de humor, Blue Jasmine é em seu núcleo um forte drama estarrecedor, que remete a Interiores (seu primeiro drama, e um de meus favoritos em sua filmografia). A ótima Cate Blanchett vive a personagem título, uma mulher que nunca se preocupou em ser nada na vida, além da rica esposa de um magnata, vivido por Alec Baldwin, e usufruir da boa vida por ele dada. A dondoca de Manhattan sofre um grande golpe do destino, quando o governo confisca todos os bens ilegais de seu marido, fazendo assim com que a protagonista seja forçada a procurar abrigo na casa da irmã, vivida pela britânica Sally Hawkins.

Ginger (Hawkins) é caixa de um supermercado, vive em San Francisco, e parece feliz com sua vida, divorciada, com dois filhos pequenos para criar, e se metendo em relacionamentos consecutivos com perdedores de pouca aspiração. Apesar de Hawkins ser uma boa atriz, aqui além do sotaque, ela força também a atuação. O mesmo não acontece com Blanchett, exibindo a maior beleza física de sua carreira, a atriz de 44 anos a equipara como uma performance primorosa. Será verdadeiramente uma grande decepção se Blanchett não for indicada ao Oscar, coisa que não deve deixar de acontecer. Jasmine, ou Jeanette, é uma das melhores personagens já personificadas pela atriz.

Deixe para um gênio criar uma história, e personagens, tão estimulante e devastadora. A narrativa acontece com flashbacks intercalando o tempo presente, dessa forma vamos catando as informações deixadas por Allen, e as montando em nossas cabeças. O talentoso veterano vai revelando aos poucos toda intrincada trama, a personalidade de nossa heroína, e tudo o que ela é capaz. Quando achamos que já recebemos todas as informações, Allen cria o gran finale com a última reviravolta. Esse não é o típico filme acolhedor e simpático do diretor, é uma tragédia, recheada de momentos chocantes, como seu desfecho pra lá de impactante.

Aqui ainda temos espaço para as eficientes participações de Andrew Dice Clay (figuraça da década de 1980 e 1990) no papel do primeiro marido de Hawkins, Peter Sarsgaard (Lovelace), do comediante Louis C.K. (da série Louie), e principalmente de Bobby Cannavale (O Agente da Estação), o segundo melhor em cena depois de Blanchett, no papel do noivo atual da personagem de Hawkins. Ele é um sujeito truculento e sem sofisticação alguma, que serve de contraponto perfeito para a protagonista, e forte colaborador para a sua ruína. Não faltam elogios para Blue Jasmine, um filme no qual somos convidados a assistir um desastre de trem que está prestes a acontecer, mas que não conseguimos desviar o olhar.

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